Lista_Mp3

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Sobre Nativos e Imigrantes Digitais

                          
O texto a seguir é uma reflexão sobre o artigo “Nativos e Imigrantes Digitais em Questão: crianças e competências midiáticas na escola” da autora Monica Fantin (UFSC) que discute os novos espaços de interação e as novas formas de aprendizado dos jovens que vivem em uma sociedade imersa nas tecnologias digitais.
Para discutir sobre a temática é preciso entender o termo “nativos e imigrantes digitais” criado por Prensky (2001, p. 1), que define os nativos como as crianças que nascem em mundo marcado pela presença das tecnologias digitais que influenciam na maneira como as crianças aprendem e se relacionam com os demais. Os imigrantes por sua vez nasceram antes do advento das tecnologias e um de seus desafios é adaptar-se e usufruir das novas ferramentas tecnológicas. Vale ressaltar que nascer na era digital não garante aos jovens o domínio da tecnologia, visto que, sua habilidade de acessar redes sociais e utilizar aplicativos em dispositivos móveis não caracteriza uma habilidade cognitiva que indica que os mesmos aprendem e constroem mais conhecimento com essas ferramentas, vários professores relatam que a invasão das tecnologias em sala de aula causa redução na produtividade dos discentes, tira o foco das temáticas abordadas pelo professor, pois é “difícil dar atenção exclusiva a qualquer coisa ou a qualquer um: muitas telas nos envolvem, somos protagonistas de muitos circuitos comunicativos paralelos.” (FANTIN; RIVOLTELLA, 2012, p. 92).
Entende-se que há uma confusão entre habilidade de uso e consciência crítica e segundo Rivoltella (2013) “enquanto a prática se aprende sozinho a linguagem tem que ser ensinada” valorizando neste sentido a presença do professor no processo de ensino e cabe a ele mediar novas práticas pedagógicas que envolvam as mídias digitais, motivando assim os jovens e diminuindo a distância que existe entre os conteúdos e a realidade em que vivem proporcionando um aprendizado mais significativo no que diz respeito ao desenvolvimento de novas habilidades cognitivas considerando as mutações sofridas por eles pela imersão constante às tecnologias.
No entanto, é preciso levar em consideração a colocação de Pinto (2009, p. 187) que afirma “não é por nós produzirmos muito que somos mais críticos e nos comunicamos melhor”, despertar um tipo de atenção simultânea que contemple todas as tarefas desenvolvidas é uma habilidade que exige mais do que o entrosamento com a tecnologia que os jovens possuem, faz-se necessário pensar novas práticas para que as competências midiáticas sejam desenvolvidas pelas novas crianças e potencializem as práticas docentes aperfeiçoando as ações realizadas por ambos enquanto se relacionam na sociedade digital.
Enfim, a disseminação da cultura digital é imprescindível, pois vivemos em novos tempos onde nadar contra a corrente ou confrontar a tecnologia como algo negativo é um retrocesso que a longo prazo pode gerar conflitos geracionais desnecessários que poderiam ser facilmente dissolvidos com práticas que valorizem e explorem o potencial da infinidade de recursos digitais presentes em nosso meio.
Referências
FANTIN, Monica; RIVOLTELLA, Pier Cesare. (2012). Cultura digital e formação de professores: usos da mídia, práticas culturais e desafios educativos. In FANTIN, M; RIVOLTELLA, P.C (orgs). Cultura digital e escola: pesquisa e formação de professores. Campinas, Papirus, 2012, p.95-146.

FANTIN, Monica. “Nativos e imigrantes digitais” em questão: crianças e competências midiáticas na escola. Passagens 7.1 (2016): 5-26.

PINTO, Manuel. (2009). Uma orientação ecológica na abordagem das novas mídias. Entrevista com Monica Fantin. In Perspectiva, v.27, n.1, p.181-192.

PRENSKY, Mark. (2001). Digital Natives, Digital Immigrants. On the Horizon, Bradford, v. 9, n. 5.

RIVOLTELLA, Pier Cesare (2013). Fare Didattica con gli EAS. Episodi di Apprendimento Situati. Brescia: La Scuola.



Nenhum comentário:

Postar um comentário