O texto a seguir é uma reflexão
sobre o artigo “Nativos e Imigrantes
Digitais em Questão: crianças e competências midiáticas na escola” da
autora Monica Fantin (UFSC) que discute os novos espaços de interação e as
novas formas de aprendizado dos jovens que vivem em uma sociedade imersa nas
tecnologias digitais.
Para discutir sobre a
temática é preciso entender o termo “nativos e imigrantes digitais” criado por
Prensky (2001, p. 1), que define os nativos como as crianças que nascem em
mundo marcado pela presença das tecnologias digitais que influenciam na maneira
como as crianças aprendem e se relacionam com os demais. Os imigrantes por sua
vez nasceram antes do advento das tecnologias e um de seus desafios é
adaptar-se e usufruir das novas ferramentas tecnológicas. Vale ressaltar que
nascer na era digital não garante aos jovens o domínio da tecnologia, visto
que, sua habilidade de acessar redes sociais e utilizar aplicativos em
dispositivos móveis não caracteriza uma habilidade cognitiva que indica que os
mesmos aprendem e constroem mais conhecimento com essas ferramentas, vários
professores relatam que a invasão das tecnologias em sala de aula causa redução
na produtividade dos discentes, tira o foco das temáticas abordadas pelo
professor, pois é “difícil dar atenção exclusiva a qualquer coisa ou a qualquer
um: muitas telas nos envolvem, somos protagonistas de muitos circuitos
comunicativos paralelos.” (FANTIN; RIVOLTELLA, 2012, p. 92).
Entende-se que há uma
confusão entre habilidade de uso e consciência crítica e segundo Rivoltella
(2013) “enquanto a prática se aprende sozinho a linguagem tem que ser ensinada”
valorizando neste sentido a presença do professor no processo de ensino e cabe
a ele mediar novas práticas pedagógicas que envolvam as mídias digitais,
motivando assim os jovens e diminuindo a distância que existe entre os
conteúdos e a realidade em que vivem proporcionando um aprendizado mais
significativo no que diz respeito ao desenvolvimento de novas habilidades
cognitivas considerando as mutações sofridas por eles pela imersão constante às
tecnologias.
No entanto, é preciso levar
em consideração a colocação de Pinto (2009, p. 187) que afirma “não é por nós
produzirmos muito que somos mais críticos e nos comunicamos melhor”, despertar
um tipo de atenção simultânea que contemple todas as tarefas desenvolvidas é
uma habilidade que exige mais do que o entrosamento com a tecnologia que os
jovens possuem, faz-se necessário pensar novas práticas para que as
competências midiáticas sejam desenvolvidas pelas novas crianças e potencializem
as práticas docentes aperfeiçoando as ações realizadas por ambos enquanto se
relacionam na sociedade digital.
Enfim, a disseminação da
cultura digital é imprescindível, pois vivemos em novos tempos onde nadar
contra a corrente ou confrontar a tecnologia como algo negativo é um retrocesso
que a longo prazo pode gerar conflitos geracionais desnecessários que poderiam
ser facilmente dissolvidos com práticas que valorizem e explorem o potencial da
infinidade de recursos digitais presentes em nosso meio.
Referências
FANTIN,
Monica; RIVOLTELLA, Pier Cesare. (2012). Cultura digital e formação de
professores: usos da mídia, práticas culturais e desafios educativos. In
FANTIN, M; RIVOLTELLA, P.C (orgs). Cultura digital e escola: pesquisa e
formação de professores. Campinas, Papirus, 2012, p.95-146.
FANTIN,
Monica. “Nativos e imigrantes digitais” em questão: crianças e competências
midiáticas na escola. Passagens 7.1 (2016): 5-26.
PINTO,
Manuel. (2009). Uma orientação ecológica na abordagem das novas mídias.
Entrevista com Monica Fantin. In Perspectiva, v.27, n.1, p.181-192.
PRENSKY,
Mark. (2001). Digital Natives, Digital Immigrants. On the Horizon,
Bradford, v. 9, n. 5.